Publicado no portal Comunique-se

Buscando compreender melhor a relação entre jornalistas e assessoria de imprensa no cenário atual, o Comunique-se realizou uma pesquisa com cerca de 400 jornalistas, que nos deram dados valiosos que ajudam o assessor a entender o que espera-se dele, quais são as falhas que estão havendo na comunicação entre as áreas e como o foco maior no meio digital mudou a forma como as relações se dão.

Através dos resultados dessa pesquisa é possível perceber que existe uma necessidade de aproximação e fortalecimento da relação com o assessor. Incluindo as redes sociais como um meio para ser explorado com tal finalidade.

Podemos ver que a construção de um relacionamento de influência não se trata de apenas qualificar segmentações e enviar releases. Quase 90% dos jornalistas tendem a aceitar/adicionar assessores nas redes sociais, o que as coloca em função das assessorias como um modo de se apresentar e estreitar relacionamento com os jornalistas.

A preferência quase unânime (91%) dos jornalistas pelo e-mail como melhor meio de contato mostra que ele pode ser uma forma de estreitar relacionamento com as assessorias, considerando que mais da metade (61%) desses jornalistas têm melhor aceitação de follow ups feitos por aqueles que mantém uma relação de parceria.

 

Que tipo de follow-up é mais bem aceito pelo jornalista?

Em mais de 90% dos casos, as assessorias têm acertado, utilizando o e-mail para enviar seus releases, opção de contato preferida por quase todos os jornalistas. Porém, existe um erro comum cometido pelos assessores que afasta os jornalistas. O teor do conteúdo enviado, priorizando a venda do peixe a qualquer custo, e seu volume de envio excessivo foram votados por 62% e 53% dos jornalistas, respectivamente, como que apesar de ruins, ainda acontecem.

Levando em conta a impressão dos jornalistas sobre as fontes de informação, temos como opção de fonte mais votada o assessor de imprensa (74%), evidenciando a preferência por manter uma conversa “viva” e bem trabalhada. O segundo mais destacado foi o site da empresa (65%), o que mostra a atividade digital e a necessidade de encontrar informações pontuais de maneira facilitada na pesquisa do Google. Essa impressão também pode ser tida pelo feedback sobre as salas de imprensa, que dividem opiniões sobre sua qualidade atual (basicamente 50-50% entre bom e ruim).

Pode-se compreender que grande parte prioriza releases atualizados nas salas de imprensa (91%), bem como arquivo fotográfico (72%) e dados estatísticos ou pesquisas (70%).

 

O conteúdo enviado pelos assessores

Na avaliação sobre conteúdo realmente interessante que recebem das assessorias, mais da metade dos jornalistas (61%) diz que essa é uma ocorrência mais esporádica do que costumeira. Somente 10% dos e-mails recebidos podem realmente ser aproveitados. Isso direciona a definição de relevância e taxa de abertura para assuntos de e-mail bem trabalhados (97%), bem como remetentes confiáveis ou conhecidos (44%).

Não é de costume do jornalista trabalhar com informações em “off”, sendo um pedido que poucos recebem dos assessores (51%). Quando é feito, a informação é negada de prontidão. 27% dos jornalistas diz que, quando esse pedido é feito, abala o relacionamento com o assessor.

 

Mudanças do mercado

A aceitação das redes sociais como meio de relacionamento é bem vista por grande parte dos jornalistas (73%). Mesmo que 33% ainda enfrente algumas dificuldades para ter acesso aos porta-vozes, manter-se ativo pelas redes é considerado válido por 88% dos respondentes.

A velha impressão de que o assessoria de imprensa é o “do lado de lá do balcão” ainda divide opiniões. Entretanto, uma tendência de maior proximidade dos jornalistas é datada (54%). Isso pode também ser relacionado às redes sociais. Ainda que 33% dos jornalistas acreditam que ainda existem dificuldades, esse mesmo grupo se inclui nos 72% que vêem de forma positiva o uso das redes para relacionamento.

Ao mesmo tempo em que temos as redes sociais como última opção de preferência para meios de contato com jornalistas (apenas 12%) observamos uma tendência de ampliação de networking através do social (49%). Isso ocorre pois a grande maioria dos jornalistas vê nas redes uma oportunidade de conhecer e se aproximar dos assessores e assessoria de imprensa (88%) e não um meio de contato frio para releases.


Conclusão

Uma vez que o social foi aberto como um novo canal de comunicação com o jornalista, o assessor deve construir ou fortalecer o relacionamento com sabedoria. Isto é, demonstrar valor compartilhando conteúdos relevantes, fazendo convite para eventos, marcações, desenvolvendo conversas e interações através dos recursos da rede, seja ela Facebook, Linkedin etc.

Calibrar esse tipo de comunicação evitando cometer erros que esfriem o contato (forçar uma pauta ou outro tipo de abordagem indesejada) gera proximidade e coloca o assessor como parceiro do jornalista devido à maneira orgânica que se estabelece. Conversar por e-mail e enviar releases torna-se mais natural.

Está nas mãos do assessor compreender que o jornalista, como comunicador, é também um influenciador. Ele tem o poder da palavra e seu público de engajamento, alguns até mesmo contam com seus próprios blogs. A questão é saber entregar ao jornalista informações relevantes que o possibilite gerar bons conteúdos a ser comunicados. Por isso o pilar do relacionamento deve estar bem estruturado.